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Número de doadores de órgãos cresce 90% em seis anos, diz Saúde

O número de doadores efetivos de órgãos cresceu 90% em seis anos no Brasil, de acordo com o Ministério da Saúde. Os dados foram divulgados na manhã desta quarta-feira (24) no Memorial JK e consideram o período entre 2008 e 2013. O evento marcou o começo da semana de comemoração do Dia Nacional da Doação de Órgãos.medicos11

De acordo com o coordenador geral do Sistema Nacional de Transplantes, Fausto Pereira, foram 2.562 casos no ano passado, contra 1.350 em 2008. “Nós vamos atingir a faixa de 14 doadores por milhão [meta estabelecida no início da gestão] até o fim deste ano, se mantivermos o ritmo”, declarou.

No mesmo período, o número de pessoas na lista de espera teve redução de 42%, passando de 64.774 para 37.736. Segundo Pereira, parcerias com empresas aéreas e conscientização das famílias ajudaram na redução da espera por um órgão.

Além disso, o incentivo às cirurgias de córnea também influenciou na queda. Algumas unidades da federação – Acre, Mato Grosso do Sul, Pernambuco, Rio Grande do Sul, São Paulo e Distrito Federal – zeraram a fila de espera. No primeiro semestre deste ano, foram realizados 11,4 mil transplantes no Brasil – 6,6 mil de córnea.

Dados da Associação Brasileira de Transplantes de Órgãos apontam o país como o segundo no número de procedimentos em todo o mundo. SUS é responsável pro 95% dos procedimentos.

“A gente ainda precisa fazer muito para atender os mais de 30 mil brasileiros que aguardam transplante de órgãos. […] Mas não basta ter médico, medicamento e hospital capaz de fazer o transplante. O transplante só acontece quando a sociedade participa também”, disse o presidente da entidade, Lúcio Filgueiras Pacheco Moreira.

Para ser um doador
Doadores vivos podem doar um dos rins, parte do fígado, parte da medula óssea ou parte do pulmão. A lei permite o procedimento sem autorização judicial quando os pacientes têm parentesco de até o quarto grau ou são cônjuges.

No caso de doadores falecidos, o paciente tem que ter tido diagnóstico de morte encefálica. Coração, pulmões, fígado, pâncreas, intestino, rins, córnea, vasos, pele, ossos e tendões podem ser doados nesses casos.

Não é necessário deixar documentado o desejo de doar órgãos. O ideal é avisar a família, que é quem autoriza o procedimento.
Viúva do cinegrafista da Band Santiago Andrade, morto após ser atingido por um explosivo durante uma manifestação no Rio de Janeiro, Arlita Andrade disse que “não pensou duas vezes” antes de doar os órgãos do marido.

“A gente combinou que quem fosse primeiro, os órgãos poderiam ser doados. Como eu sou bem mais velha, eu dizia: ‘Amor, quem vai na frente sou eu.’ Ele sempre falava para mim: ‘Deixa de ser boba, a gente vai viver muito. E quem sabe eu vou na sua frente’. E foi o que aconteceu”, diz.

Os rins, fígado e córneas de Andrade doram doados para cinco pessoas. Bastante emocionada, Arlita afirmou que todas elas continuam vivas. “Eu pensei: ‘Ele tem de ir embora, mas quanta vida ele pode dar?’. Não tive dúvida. […] Acho que meu Santiago, lá de cima, pensa que ainda está vivo em uma pessoa. Eu não fiquei triste, fiquei feliz. Essas pessoas carregam dentro delas um pedaço do meu amor. Por que a gente não dá oportunidade para outras pessoas viverem e serem felizes também?”

Fonte: G1